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Grupo interdita trecho da BR-101 em protesto contra morte de indígena
Membros do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) bloquearam partes da BR-101, na manhã de segunda-feira (22), nos municípios de Teixeira de Freitas, Itamaraju e Itabela, localizados no sul e extremo sul da Bahia. O ato foi realizado em repúdio ao assassinato de Maria Fátima Muniz de Andrade, que foi morta a tiros no domingo (21).
O homicídio ocorreu na Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, e resultou na prisão em flagrante de dois fazendeiros. Além de Maria Fátima, o cacique Nailton Muniz Pataxó foi atingido por disparos no rim, sendo submetido a uma cirurgia no Hospital Cristo Redentor, em Itapetinga, sudoeste do estado. Não há informações sobre o estado de saúde dele. As informações são do G1 Bahia.
Uma mulher, que teve o braço quebrado, está entre os feridos. Outras pessoas que sofreram lesões foram hospitalizadas, mas não apresentam risco de vida.
Em nota, o MST informou que cerca de 500 famílias participaram da ação, se solidarizou com o povo Patoxó Há-Há-Háe e pediu celeridade nas investigações.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o trânsito foi liberado após mais de uma hora de interdição na rodovia.
Ontem (21), o governador Jerônimo Rodrigues (PT) convocou uma reunião com secretários e chefes de segurança para reforçar o monitoramento em áreas de confrontos entre fazendeiros e indígenas. Eleito em 2022, o petista nasceu em um povoado da cidade de Aiquara, na região sudoeste e é autodeclarado indígena.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) reforçou o patrulhamento na região com unidades territoriais e especializadas da Polícia Militar (PM) e equipes da Polícia Civil também estão na região para ouvir depoimentos de testemunhas.
Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), informou que uma comissão, liderada pela ministra Sonia Guajajara, chegou ao local nesta segunda-feira (22). A ministra visitou os feridos no hospital, e deve visitar a aldeia, além de participar do velório de Maria Fátima.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), a situação aconteceu durante a ação de um grupo intitulado Movimento Invasão Zero. Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, a disputa de terras entre indígenas e fazendeiros motivou o crime.
Ainda de acordo com o MPI, cerca de 200 ruralistas da região se organizaram através de um aplicativo de mensagens e convocaram os fazendeiros e comerciantes para recuperar por meios próprios, sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, ocupada por indígenas no último sábado (20). Eles teriam cercado a área com dezenas de veículos.
Além dos fazendeiros que foram detidos, um indígena que portava uma arma artesanal também foi preso. Segundo a Polícia Militar, um ruralista foi ferido com uma flechada no braço, mas está estável.
Ainda conforme a PM, após o registro do caso, a polícia foi informada que seis pessoas feridas deram entrada no hospital.
Quatro armas de fogo encontradas com os fazendeiros foram apreendidas e encaminhadas para o Departamento de Polícia Técnica (DPT).
O caso é investigado pela delegacia de Itapetinga e acompanhado pela Diretoria Regional de Polícia do Interior (Dirpin/Sudoeste-Sul).
Fonte: estadodabahia