A centralização na política de Itabela descortina a origem do próximo gestor

Com pouco mais de 2 anos no exercício do seu primeiro mandato, boa parte dos baianos sabe apenas que o primeiro nome do homem que governa seu estado é Gerônimo, alguns nem mesmo se lembram do Rodrigues, sua segunda assinatura, que é utilizada como a oficial. Uma parte ainda maior sequer sabe que seu nome completo é Gerônimo Rodrigues de Souza, e que ele é um professor e engenheiro natural de um pequeno município de pouco mais de 4 mil habitantes no centro-sul baiano.

Eis que surge a incógnita: como que um homem cujo nome despontou tão recentemente no cenário político em nível estadual foi eleito com tamanha aceitação para um cargo de relevância tão grande?

Pois bem, o que acontece com o atual governador da Bahia é o mesmo que aconteceu com seu antecessor, Rui Costa, e o mesmo que, tradicionalmente, ocorre desde sempre com as sucessões de poder. Apesar de a monarquia e seu sistema de hereditariedade não mais existir em nosso país, a troca de poder dentro do atual sistema político é baseado na tentativa de fazer sucessores escolhidos pelos antecessores. E, pra fazer sucessor, é necessário ter respaldo das massas, que é quem escolhe, de modo democrático, quem será o próximo na “linhagem”. Ou seja, o escolhido não foi Gerônimo Rodrigues, mas, na verdade, o candidato de Lula e Rui Costa. Com a escolha, provavelmente, pautada na passividade, permitindo a continuidade do modelo de gestão feita pelo antecessor. Basicamente, seguindo as diretrizes de quem respaldou seu nome.

E em Itabela o enredo não se faz diferente: prestes a completar 8 anos à frente do executivo municipal, com impossibilidade de reeleição, e buscando a manutenção do seu modelo de gestão, Luciano Francisqueto ainda não veio a público comunicar oficialmente a escolha pelo nome que será escolhido como seu sucessor, mas tem deixado, sem nenhum pudor e/ou receio, escancarada a escolha pelo nome de seu ex-assessor de gabinete e ex-vereador de Itabela (gestão 2012-2016) Ricardo de Jesus Flauzino, o Ricardo Flauzino.

Ricardo Flauzino tem 33 anos, é natural de Itabela, e de família tradicional no município, sua mãe é servidora pública aposentada e uma das principais incentivadoras de sua carreira na política. Ricardo é tido como o nome passivo que seguirá com as diretrizes do atual gestor, deixando afastado o medo de que o poder lhe corrompa depois que o mesmo estiver com a “caneta” nas mãos.

Ricardo já parte com expressiva vantagem à frente de seus adversários na corrida eleitoral. Tudo indica que a margem de vantagem tende a aumentar de forma ainda mais expressiva à partir do anúncio oficial de seu nome como o candidato oficial da sucessão.

Outros nomes já se colocaram no páreo, mas, até o momento, em busca de conquista por expressividade.

Representando a oposição é certo o nome de Wesley Vieira de Barros, o “Leleu da Sacaria”, que, como único opositor do atual gestor, perdeu por uma diferença de 6.920 votos, numa votação onde houveram 16.490 votos válidos, nas últimas eleições municipais, em 2020. Quando Luciano foi reeleito prefeito com 11.705 votos, maior votação e maior diferença de número de votos entre candidatos em toda a história do município.

Quem deve fechar como o terceiro nome na disputa, é Altemar Santana Costa, o popular “Doutor”, apelido adquirido nos tempos em que auxiliava seu pai, o saudoso Leones Oliveira Costa, na primeira farmácia do município, onde o senhor Leones era o proprietário. Doutor é de família numerosa e tradicional, com envolvimento político desde tempo anterior à emancipação do município. Se colocou com disposição para estar na disputa com ou sem o aval de Francisqueto, levando consigo dissidentes da atual gestão, após 7 anos fazendo parte do atual governo como chefe de Gabinete.

Com expressiva aprovação da atual gestão, o desenrolar do início da corrida eleitoral em Itabela já consegue revelar, sem precisar de análise muito detalhada, o nome de quem estará com a “caneta” nas mãos, mas de ouvidos atentos às instruções de quem esteve antes.